Diário Teatral da Coluna – Semana 12 – 16/01/2023 a 22/01/2023

Diário Teatral da Coluna – Semana 12 – 16/01/2023 a 22/01/2023

Diário Teatral da Coluna – Semana 12 – 16/01/2023 a 22/01/2023

No retorno dos ensaios práticos, dedicamos um período generoso para a parte de música, repassando as rotinas de vocalises e o repertório de canções realizadas até aqui no processo. Estamos acumulando composições, conforme investigamos as passagens da Coluna Prestes, e nesse momento estamos com 5 canções prontas. 

No momento do ensaio dedicado a pesquisa teatral, começamos com a apresentação e debate coletivo do repertório de cenas realizadas na primeira etapa do processo, partindo da listagem organizada pela encenação (que está compilada no Diário Teatral da Coluna da Semana 11). Essa apresentação permitiu um dimensionamento de todo o trabalho realizado até aqui, relembrando situações de cena, personagens marcantes, eixos temáticos explorados nos improvisos e questões relevantes sobre a Coluna Prestes que desejamos ver na encenação da peça. 

Partindo dessa retomada, fizemos um combinado de cenas experimentais que serão trazidas pelo elenco nas próximas semanas, organizadas em dois vetores. De um lado, cada ator ou atriz deve elaborar uma situação de improviso em que representa Luíz Carlos Prestes, investigando com essa cena o que cada teatrista reconhece como mais significativo de toda a história da Coluna, com suas contradições e encruzilhadas. O que, de tudo que experimentamos e estudamos até aqui, pensando as continuidades da Coluna Prestes com o turbulento tempo histórico presente, é importante de estar em cena? Que encontros e acontecidos vivenciou Luiz Carlos Prestes na marcha da Coluna que expressam esse campo de inquietação?

 No segundo vetor de cenas experimentais encomendadas para os ensaios seguintes, a provocação partiu de situações icônicas da marcha da Coluna Prestes, momentos que, durante os estudos teóricos, condensam contradições e acontecimentos significativos para a peça, que expressam as questões que temos debatido na sala de ensaio. Repertoriamos as seguintes passagens, que serão realizadas como cenas experimentais: a Batalha de Piancó e a traição do Padre Arístides; o tenente comunista Cleto Campelo e seu fracassado levante revolucionário em Recife (entregue por um traidor); o encontro da Coluna Prestes com o bando de Lampião; a noite em que a Coluna acampou nas terras de Canudos; a chegada da vivandeira Onça em meio a tropa de soldados; o ritual da Tia Maria para fechar o corpo das tropas antes do combate; o coronel Horácio de Matos e seu império em Lavras de Diamantina (atual Chapada da Diamantina). 

Seguindo o trabalho dos demais ensaios dessa semana, realizamos a dinâmica cênica de dança-teatro da Luta das Facas, retomando as investigações sobre as poéticas de batalha e deslocamento que farão parte da encenação. Também retomamos as dinâmicas de coro cênico portando imagem, explorando a situação do bombardeio terrificante.

Além disso, parte das cenas encomendadas foram trazidas pelo elenco, realizadas no ensaio. O repertório de situações exploradas foi grande: 

 

A dinâmica de requisição da Coluna Prestes diante de dois contextos diferentes, em que Luiz Carlos Prestes fica frente a frente com um fazendeiro rico, de um lado, e com a Tia Anastácia, uma camponesa humilde, de outro. 

Um grupo de soldados famintos, exaustos de comer manga, encontram dois soldados feridos que se perderam da Coluna. 

O massacre de Piancó, em que a crueldade contraditória das tropas da Coluna Prestes se evidencia, com uma turba em fúria torturando o Padre Coronal Arístides, até que um dos soldados irrompe em crise diante do que estão fazendo com um homem de Deus (“Deus não escolhe lado na guerra”, “Deus pratica o perdão”).

A conversa de dois conhecidos em uma bodega no interior do Brasil, um deles acaba de entrar para um Batalhão Patriótico (tropa de civis organizada pelos oligarcas de cada Estado, a mando do Governo Federal, para caçar a Coluna Prestes), e o outro, de maneira franca e direta, questiona a escolha do amigo, desmontando as certezas de integrar o Batalhão, evidenciando a miséria, a desigualdade, o analfabetismo de que são vitimados, a mando do oligarca da região.

A figura do coronel Horácio de Matos foi explorada em um monólogo realizada por uma das atrizes, dentro de uma dinâmica de cena confessional, em que a personagem se apresenta para o público e narra sua história.

 

Também lemos uma das dramaturgias experimentais escritas no processo, a cena da Reunião do QG Revolucionário de São Paulo na Estação da Luz, na busca de como realizar as cenas de reunião dos altos-oficiais que decidiam os rumos da Coluna Prestes, situação recorrente, e importante, ao longo de toda a marcha. 

As cenas investigadas serão retomadas nas próximas semanas, que serão dedicadas justamente a etapa da Coluna em marcha pelo chamado Brasil Profundo.

Voltamos os ensaios com tudo! Seguimos, até a estreia. 

 

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