Diário Teatral da Coluna – Semana 14 – 30/01/2023 a 05/02/2023

Diário Teatral da Coluna – Semanas 11 – 09/01/2023 a 15/01/2023

Os ensaios estão se afunilando, o período previsto para as cenas experimentais e dinâmicas de improviso começa a se esgotar. No final de fevereiro, início de março, avançamos para a próxima etapa de trabalho, que envolve parte da dramaturgia escrita, chegada do coreografo, experimentação dos figurinos e cenografia. Esse momento que estamos agora, então, tem que ser aproveitado até a última gota, para que possamos experimentar cenicamente tudo que temos desejo antes das decisões e consolidações criativas.

Por conta disso, enfocamos os ensaios justamente nas Cenas Experimentais, explorando os quadros da Coluna Prestes que, intuímos, serão essenciais na encenação da peça, que representam, poética e criticamente, o que julgamos que precisa estar em cena sobre esse acontecimento histórico de proporções dantescas. Fizemos os seguintes improvisos:

  • ·         Chegada dos revolucionários liderados por Prestes na cidade de São Luiz Gonzaga, tomada por distúrbios, imersa no caos, desencadeado pela ação dos tenentes revoltosos em contato com o conflito entre maragatos e chimangos; a cena era conduzida por um vendedor de jornais, que aumentava o preço conforme o interesse das pessoas comuns em compreender o próprio caos em que estava lançadas crescia; o quadro improvisado terminou com a chegada de Prestes, que acerta com o padre da cidade um esforço de pacificação da situação. A preparação dessa cena, bem com todo o dia de ensaio, contou com a luxuosa presença de Amílcar Guidolin, palestrante que participou do nosso ciclo de debates no domingo, e compareceu ao ensaio para auxiliar o grupo.
  • ·         O encontro entre o Coronel Horácio de Matos, senhor incontestável de Lavras Diamantinas (atual Chapada da Diamantina) e o presidente Arthur Bernardes, para negociar a apoio do Coronel aos esforços do Governo Federal para caçar a Coluna Prestes; o coronel não só arranca dinheiro do governo, como também consegue uma patente oficial de coronel (colocado na reserva com direito a aposentadoria), armas e uniformes para seus jagunços, tudo para que a Coluna fosse derrotada.
  • ·         Chegada das tropas governistas em São Luiz Gonzaga, depois da fuga da Coluna Prestes no famoso incidente do Anel de Ferro, em que, pela primeira vez, a guerra de movimento é colocada em prática pelos revolucionários, deixando um contingente inimigo de 14000 soldados sem saber como puderam escapar; a cena era do ponto de vista do comandante das tropas do governo com seus oficiais, depois de tomar uma cidade fantasma, já sem ninguém.
  • ·         O Meteoro Cleto Campello, o tenente comunista que planeja um levante em Recife, entre sequestros de trens, atentados a bombas e muita conspiração; o plano falha por conta de um delator. A cena explorou um expediente épico anunciando quadros rápidos, montando um mosaico da jornada de Cleto Campello, sequência que deve ser retomada na próxima semana.

 

 

 

Além dos agitados ensaios, tivemos o início do Curso Livre de Coro Cênico, contando com a presença de 22 pessoas (selecionadas de uma lista de inscrição com 64 interessadas e interessados). Esse espaço tem uma potência incrível, uma chance para experimentarmos, dentro do processo formativo proposto, as possibilidades expressivas que o Coro Cênico oferece. A turma ficou bastante diversa, o que é outra grande qualidade. Trabalhamos com encontros calcados em dinâmicas iniciais de jogos teatrais coletivos, preparando o terreno para que todos possam caminhar juntos ao longo do processo. No final desse diário, vou colar a lista das dinâmicas que desenvolvemos, assim é possível manter um registro do que foi feito no curso.

Dando continuidade ao Ciclo de Palestras, tivemos mais dois encontros nesse fim de semana na Biblioteca Mario de Andrade. Dentro da temática “O Teatro e a História: procedimentos criativos”, tivemos a imensa alegria de receber a dramaturga Ave Terrena, que escolheu como título da sua fala “Uma parte de mim é sobrevivente, outra parte insurgente”. Tivemos uma excelente conversa sobre dramaturgia, história, disputa da memória, corpas insurgentes e uma poética que amarra todos esses fios na cena, pensando o ponto de vista dos procedimentos criativos e afetos que movem a lida com o material histórico. Foi incrível!

Já na mesa temática “Coluna Prestes e o Brasil da década de 1920”, recebemos o prof. Marlei Rodrigues da Cunha, que viajou da cidade de Costa Rica (MS) para contar alguns causos e lendas que povoaram os imaginários populares sobre a Coluna Prestes, narrativas descobertas por Marlei ao percorrer alguns dos caminhos trilhados durante a marcha da coluna invicta por MT e GO.

A Biblioteca Mario de Andrade nos presentou com uma exposição de livros do acervo escolhidos a partir da temática do nosso ciclo de palestras, um cuidado institucional incrível que merece todos os nossos agradecimentos! Agora fazemos uma pausa no Ciclo de Palestras, por conta do carnaval, retomando com um mini simpósio, que acontecerá no final de semana dos dias 4 e 5 de março/2023.

Avante! Que o processo não pode parar, temos muita a fazer.

 

Curso Livre de Coro Cênico:

1º Encontro: 01/02/2023

0. Conversa

1. Caminhar pelo espaço  > Caminhando com objetivo – Ritmo Coletivo – Não anda em circulo – congela (qualidade da pausa)

2. Boa noite / empurrão

3. Formando duplas/ trios/ quartetos/ etc. Enquanto caminha lado a lado > Formando coro

4. Observador secreto > Uma pessoa / duas pessoas / sempre formando um triângulo

5. Platô > Entrando no comando / entrando livre; Movimento sincronia; Movimento em oposição; Pode ser os dois

[Intervalo]

6. Coro-Corifeu (4 coros) > Mov livre a partir da música > Troca corifeu no comando > Troca o corifeu conforme muda a direção do movimento > Formando 2 coros > Formando 1 coro

 

2º Encontro: 02/02/2023

1. Roda passando palma no tempo > Palma somando

2. Cardume > Construir pose ao chegar

3. Paisagem sonora em roda

4. Deslocamento em coro > Caminhando na contagem de 8 > Caminhando em completa sincronia devagar > Caminhando em completa sincronia rápido

5. Construindo imagem para portar > 8 tempos para construir > Emite um som continuo junto da imagem > 8 tempos expandindo

6. Deslocamento portando imagem > Deslocar ampliando > Colocar paisagem sonora > Lado a lado (fila em linha) > caminhando junto, começando com o pé esquerdo > Portar imagem > construir imagem para portar > Sentimentos: Ódio – Horror – Alegria – Soberba – Amor – Tesão/Desejo – Nojo  > Repete expandindo gradualmente no deslocamento

 

*Grande Coro: A Marcha da Vitória*

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