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Com a trilha de encenação e dramaturgia apontada, seguimos a todo vapor, em um ritmo intenso para erguer a peça, agora com a bússola afinada. A encenação será organizada por duas frentes poéticas complementares: a relação entre as personagens e seus processos de transformação ao longo da marcha da Coluna Prestes; o Coro da Coluna e seus expedientes poéticos de teatro-dança e cenas de coro em contexto.
Assim, de um lado, acompanharemos as personagens encontradas para conduzir essa narrativa, as trilhas da raia miúda da Coluna Prestes, das sujeitas e sujeitos que fizeram essa história mas, apesar disso, foram relegados a notas de rodapé e descrições breves nos documentos históricos. Cenas apoiadas em um realismo crítico, com interações em situação entre as personagens, com momentos de comentários épicos que ampliam os contextos dos encontros, explorando as relações sociais e vislumbres entre passado e futuro, tendo como motor dos encontros o desenvolvimento da Coluna Prestes em marcha. Do outro lado, teremos as entradas do Coro da Coluna, com cenas apoiadas em expedientes poéticos de teatro-dança e grandes coros em situação, que imprimem em contexto os momentos marcantes da grande marcha da Coluna Prestes, incorporando elementos das danças populares, com ritmos apanhados dos lugares por onde a marcha da esperança passou em sua gigantesca jornada.
Sobre o eixo das personagens populares que conduziram a narrativa, exploramos as seguintes cenas, que serão incorporadas na peça:
· Isabel Pisca-Pisca se maquia para mais uma apresentação no Cabaré Esperança, quando Onça, sua amiga e sócia do empreendimento, avisa: não tem cliente, a revolução agitou as coisas, não sobrou ninguém na cidade. As duas então resolver partir com a Coluna Prestes, em busca de um outro futuro.
· Em uma vigia na trincheira, o Soldado Ângelo expressa seu desgaste com a marcha, seu medo constante da morte, com o Sargento Garcia, que é também seu professor de alfabetização. Garcia acolhe Ângelo, convencendo a permanecer na luta e a insistir no aprendizado das letras. Uma relação começa a surgir entre os dois.
· Cabo Firmino, um aguerrido revolucionário, está convalescente, baleado. O Comandante Luiz Carlos Prestes se aproxima, quer conhecer melhor o soldado e descobrir se terá condições de seguir na marcha. Nesse encontro, os dois sonham com o futuro, rasgando os tempos históricos.
· Tia Maria ensina a Enfermeira Hermínia a fazer um angu decente, enquanto anuncia sua partida da Coluna Prestes, se despede da marcha da esperança. Durante sua despedida, anuncia o amor de Hermínia pelo Cabo Firmino, vaticinando o futuro.
· Depois de três dias de marcha, sem comer e sem dormir, o Cabo Firmino e o Soldado Ângelo se amotinam, não querem continuar, não tem como, para desespero do Sargento Garcia. A insubordinação faz tensionar a esperança. Garcia e Prestes recuperam a perspectiva dos sonhos nas tropas, seguindo com a marcha.
· Santa Rosa está diante das roupas do seu falecido marido, de quem herdou o fuzil e gera um filho na barriga. Isabel Pisca-Pisca e Onça se aproximam da amiga, que está passando mal de novo por conta da gravidez. Debatem a possibilidade de aborto, com posições distintas. Rosa resolve manter a criança, apesar de todas as dificuldades impostas pela marcha revolucionária.
Na Oficina de Coro Cênico, seguimos a investigação dos expedientes poéticos relacionados a marcha da Coluna Prestes. Exploramos as cenas da Travessia do Rio, das Potreadas e expedientes de Portar Imagem, incidindo sobre os disparadores Combate, Esperança e Horror da Guerra. Também nessa semana, o Coro da Coluna somou esforços com as companheiras e companheiros do MTST, que estavam acampados em frente a prefeitura com uma reivindicação de moradia. Cantamos as canções da peça no acampamento, em um momento de solidariedade e luta. O Coro da Coluna faz assim jus ao espírito da Coluna Prestes, levando com seu canto e presença um sonho de esperança e revolução.