Diário Teatral da Coluna – Semana 26 – 24/04/2023 a 30/04/2023
Estamos diante da transformação final que todo o material da
peça precisa passar para que cheguemos, enfim, no que será nossa encenação. É
preciso refazer (novamente) a dramaturgia, para que as cenas ganhem uma ligação
orgânica, para que seja possível vislumbrar um arco geral para toda a
trajetória da peça, para além da fragmentação dos núcleos. É sobre essa jornada
final e intensa de trabalho criativo que nos debruçamos nessa semana.
Começamos por estruturar e levantar o prólogo da peça, a
Gira das Encruzilhadas, cena poética afro-centrada que abre os caminhos da
peça, montando as 9 trilhas das 9 personagens que acompanhamos nessa
encruzilhada cênica da Coluna Prestes. A Majestade Encruzilhada que movimenta
esse acontecimento está presente ao longo da trajetória, pontuando caminhos
para as personagens, incluindo aí o Comandante Prestes.
Também investimos nas cenas coletivas, condensando as cenas
nucleares em situações ancoras que possibilitem o encontro das figuras, gerando
continuações, linhas de desenvolvimento gerais que perseguimos ao longo da
encenação. Um desses arcos narrativos envolveu as seguintes cenas: a
Intervenção do Coro – Passagem Poética: Enfrentamento das Tropas + Dança das
Facas; a cena A Enfermeira, o Cabo Baleado e o Comandante; uma nova situação
com a Tia Maria / Majestade Encruzilhada, envolvendo o Fechamento de Corpo do
Cabo Firmino e o encontro da Tia Maria com o Comandante Prestes.
Outra sequência que arriscamos veio da cena do Motim das
Tropas, ideia resgatada que já havia surgido nos ensaios, uma situação limite
envolvendo todas as personagens, momento em que desistem de seguir marchando,
negando a promoção militar que acabam de receber. Essa cena, que estava solta,
se somou a cena da Encomendando o corpo do Sargento Garcia, personagem que é
assassinado na cena anterior, Encruzilhada de Piancó, formando um grande arco
de decadência da peça, o momento em que a Coluna Prestes chega no seu momento
de crise maior.
Com o Coro da Coluna, além de afinar as cenas que já estavam
estruturadas, também levantamos uma cena nova, Guerrilheiras Vivandeiras,
completando um conjunto potente de cenas, que já começam a ganhar horizontes de
integração com o material final da peça. Os trabalhos do final da semana (e do
feriado do 1º de maio), até a próxima semana de ensaio, envolvem essa
reformulação final da dramaturgia, atrelada a concepção definitiva da
encenação, que começa a tomar forma de propostas cenográficas, de figurino, de
adereços, de trilhas sonoras, canções, músicas, movimentações.
Estamos entrando no mês final de ensaios antes da estreia,
momento em que toda a criação precisa aportar, desembocar naquilo que será
levado ao público no dia da estreia. O trabalho está com muita emoção, muita
coisa no ar, mas ninguém imaginou que seria tranquilo a empreitada que nos
lançamos. Vamos com tudo até a estreia!